modus optimus

     Questionaram-me alguns leitores acerca do título deste blog "modus optimus": porquê e qual o significado da expressão?
     Toda a gente que se inicia nestas coisas sabe que um dos problemas que se põem logo de início é o do título: é necessário imaginar ou criar um, mais ou menos adequado ao que tencionamos publicar e que esteja disponível.
    Surge aqui a primeira dificuldade: é que todas as palavras que se podem considerar emblemáticas foram já reservadas na última década por uma série de "bloguistas" que, na maior parte dos casos, escreveu apenas meio dúzia de palavras (em certos casos nem isso) e depois deixou o sítio ao abandono...
      Em vez de palavras simples, é necessário elaborar composições de palavras... Foi este o caso. Procurava um título para o blog, quando me lembrei desta expressão, que é uma das traduções latinas (a mais clássica) de outra expressão grega... E pareceu-me que vinha mesmo a talho de foice. 
     A expressão grega a que me refiro é μετρον αριστον (metron ariston).
    Pode ser traduzida à letra, com algumas variantes quanto ao seu significado. Aquele que logo de início lhe foi dado pelo filósofo Cleóbulo de Rodes, a quem se deve a sua divulgação, foi a de que "a moderação é o que é melhor". Quem diz moderação diz justa medida, equilíbrio. Os romanos da era clássica traduziram-na por "modus optimus", precisamente o título que demos ao blogue. No latim da Idade Média foi traduzido com a expressão "In medio virtus" (no meio, isto é, no meio termo, ou seja, no equilíbrio, é que está a virtude, e virtude aqui entende-se como o que está certo), que portanto se devia aproximar daquele primeiro significado, embora outros, um tanto diferentes, por vezes lhe fossem dados.
      Com essa está relacionada uma outra expressão, que tem sido por uns defendida mas por outros muito mal entendida: a "aurea mediocritas". Aqui, "mediocritas" nada tem a ver com o significado que actualmente se dá à palavra "mediocridade". A "aurea mediocritas" é o mesmo que o "valioso meio termo" e portanto a preciosa "moderação".
      Creio que este arrazoado é suficiente para se entender o que ia no meu espírito quando optei pelo título que dei a este "blog".


António Matos Reis